A FACISC está preocupada com a reversão cíclica que o mercado de trabalho vem passando nos últimos meses. “O mercado de trabalho que nos últimos anos esteve nos seus melhores patamares históricos, hoje se mostra num cenário cada vez mais preocupante”, avalia o vice-presidente da FACISC, André Gaidzinski.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD – C) a taxa de desemprego no país fechou em 7,9% no primeiro trimestre de 2015. Pela mesma pesquisa, que a partir de maio desse ano começou a ser divulgada para todos os estados brasileiros, a menor taxa de desemprego foi registrada no estado de Santa Catarina. No entanto, esse indicador remonta uma preocupação se o mesmo for comparado ao nível atingido no último ano. Se comparado com o mesmo trimestre do ano de 2014, no Brasil a taxa de desemprego aumentou 0,7%. Para Santa Catarina o dado foi maior (0,8%).
Na avaliação do vice-presidente da FACISC, esse fator pode estar associado a dois eventos: o aumento da população na força de trabalho ou mais conhecida como população economicamente ativa associada a uma redução na oferta de emprego, e pela queda generalizada da atividade econômica nos setores produtivos.
Através dos dados obtidos na pesquisa, pode se observar que realmente a população na força de trabalho aumentou tanto em Santa Catarina (127.0000) como no Brasil (1.656.000). Além disso, houve também um aumento significativo na população desocupada, que aumentou em 32.000 pessoas no Estado de Santa Catarina e 885.000 no Brasil. Isso demonstra que o aumento na taxa de desemprego decorre também do número da população desocupada, ou seja, da população que está à procura de emprego e não o encontra.
Na avaliação do presidente da FACISC, Ernesto Reck, dois movimentos explicam tal confirmação: o custo de vida das famílias tem aumentado significativamente e o aumento do desemprego tem levado mais pessoas a procura de emprego.
O primeiro fator pode ser justificado, pois, realmente é o que vem ocorrendo. Só até junho de 2015, a inflação chegou a 8,89% no acumulado dos 12 meses (IPCA). Se pegarmos o custo de vida na cidade de Florianópolis (ITAG-ESAG) o mesmo aumentou 8,88% em igual período. Isso traz a tona um problema peculiar: Com o aumento da inflação é necessário mais renda para manter o mesmo padrão de consumo, isso faz com que pessoas que, antes não precisavam ou não procuravam emprego nas famílias, procurem ou voltem a procurar emprego para suprir tal necessidade. Além disso, temos o segundo movimento: o aumento do desemprego tem levado mais pessoas à procura de emprego.
O que ocorre é que as pessoas nas famílias perdendo seu emprego, faz com que os membros das famílias que antes não estavam à procura de emprego ou não precisavam trabalhar, procurem ou voltem a procurar emprego para suprir também essa perda na renda familiar. Além disso, soma-se as mesmas pessoas que perderam seu emprego recentemente e que voltam a procurar uma nova oportunidade. Esse movimento faz com que a população considerada como “desocupada”, ou seja, a população que procura emprego e não o acha, aumente. Por consequência, como o mercado de trabalho está cada vez mais arrefecido, as vagas não são preenchidas proporcionalmente ao aumento da população na força de trabalho, fazendo com que aumente também a taxa de desemprego.
Apesar desse fator ser preocupante, a FACISC avalia que a principal questão relacionada a esse problema não está tão somente nesse quesito. Para a FACISC o aumento do desemprego tanto no Estado, como no Brasil decorre da queda sucessiva do nível de atividade econômica. E isso ocorre, pois, mês a mês observa-se que tanto o volume de vendas no comércio, bem como das receitas dos empresários no setor de serviços e a produção industrial seguem uma trajetória de queda. Segundo Gaidzinski, se os empresários observam que a demanda pelos seus produtos cai mês a mês fica difícil manter o mesmo volume de empregados, tanto pelo custo que não vem sendo compensado pelo aumento da receita, bem como pela queda da receita esperada, que cada vez mais vem sendo reprimida. “Isso faz com que a manutenção do trabalhador seja cada vez mais difícil, num cenário em que os empresários estão demandando bem menos força de trabalho, resultando num arrefecimento cada vez maior da economia e que cheguemos ao problema atual, o aumento da taxa de desemprego”.
O que se observa é um cenário cada vez mais preocupante, no dia 25 de agosto o IBGE divulgará a taxa de desemprego para o segundo trimestre do ano de 2015. Na avaliação da FACISC o número poderá vir ainda maior, até porque ainda não se observa sinais claros de recuperação econômica, e isso pode se perdurar por um período ainda mais longo. “Vivemos em um ano onde as perspectivas não são boas, temos um cenário no primeiro semestre de 2015 muito pior do que no ano anterior, e senão até do que tivemos em 2009, quando ainda sentíamos o efeito da crise do sub-prime. Isso pode acarretar em entraves ao que nós da FACISC estamos nos preocupando cada vez mais ultimamente, que é o desenvolvimento econômico do Brasil e de nosso Estado” desabafa o presidente da FACISC, Ernesto Reck.